Nosso cérebro utiliza glicose para gerar energia. Ele não utiliza ácidos graxos, como os outros órgãos do corpo, por exemplo. Quando falta glicose, como em um período de jejum ou sem consumo de carboidratos, nosso primeiro estoque que é utilizado é o glicogênio. O glicogênio muscular será utilizado pelo próprio músculo para sua contração e o glicogênio hepático (glicose armazenada no fígado) será utilizado para manter os níveis de glicemia normais.
Jejum e formação de corpos cetônicos:
Aproximadamente após 4 a 5 horas da última refeição os níveis de glicogênio (esse estoque de glicose) começam a cair. Após 10 a 18 horas (depende do peso corporal e metabolismo de cada um) esse glicogênio se esgota.
A produção de energia passa a depender de outras fontes, como por exemplo, a quebra de gordura. Nosso tecido adiposo é um grande estoque de energia na forma de lipídios. Eles são quebrados em ácidos graxos livres e glicerol. Os ácidos graxos livres, são utilizados pelo nosso corpo como combustível, assim como os aminoácidos, provenientes da quebra de proteínas musculares. O glicerol, assim como o lactato e aminoácidos como alanina e glutamina, é transformado no fígado em glicose. Esse processo é chamado gliconeogênese.
Essa transformação de lipídios em glicose leva à formação de outros compostos no fígado: os corpos cetônicos.
Quando os corpos cetônicos estão elevados no sangue, podemos dizer que a pessoa está em cetose, que é o que ocorre em dietas cetogênicas e jejuns prolongados. Os nossos neurônios não utilizam ácidos graxos livres nem aminoácidos como combustível. Na falta de glicose eles usam apenas os corpos cetônicos.
Cetose e Neuroproteção:
Na falta de glicose o cérebro sofre. Ocorre morte de neurônios e déficit cognitivo. Mas quando ele utiliza os corpos cetônico como combustível, o problema é resolvido e ele trabalha até́ melhor.
Em 2007, foi demonstrado que os corpos cetônicos promoviam uma neuroproteção, devido à menor oxidação, pois quando o cérebro usa a glicose como energia é produzido mais radicais livres.
A dieta cetogênica consiste na ingestão de uma quantidade mínima de carboidrato, dessa forma, há pouca glicose e nosso corpo passa a queimar a gordura como fonte de energia, gerando os corpos cetônicos.
Desde 1929 a dieta cetogênica foi utilizada no tratamento da epilepsia e hoje é estudada em outras doenças.
Há indícios que a cetose protege o cérebro contra a inflamação e o acúmulo de proteína tau, que leva ao Alzheimer. Os neurônios ficam mais resistentes ao estresse oxidativo, há formação de novos neurônios e menor número de morte celular.
Dieta cetogênica no tratamento de demências:
Foi feito um estudo com uma “dieta cetogênica modificada” que consiste em utilizar o conceito de uma dieta com menos de 50g de carboidrato, portanto, com a maior parte dos macronutrientes sendo proteína e lipídios, para entrar em cetose. Mas, diferente da tradicional, onde acabam sendo utilizados produtos não muito saudáveis, na modificada, eram escolhidos gorduras boas e alimentos menos processados (os alimentos indicados na dieta mediterrânea).
Resultado: em pouco mais de um mês, os biomarcadores da doença de Alzheimer haviam reduzido e havia melhorado o fluxo sanguíneo e metabolismo de glicose no hipocampo.
Em 2019 um estudo japonês demonstrou melhora da memória e da velocidade de raciocínio observado por pontuações em escalas cognitivas, o que confirmou o que já foi visto em outros estudos.
Endocrinologista
- Médica - Endocrinologista pelo Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo - Complementação em Endocrinologia no Hospital das Clínicas da USP - Título de Especialista em Endocrinologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Residência de Clínica Médica no IAMSPE - Pós Graduação em Nutrologia - ABRAN Página Facebook: Dra. Andrea Moreira Consultório no Campo Belo Medical Center Av. Vereador José Diniz 3457 Conjunto 1411 São Paulo Contato: 1155311712 / 11995077071
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