A vergonha que nos impede de viver uma vida de verdade

Não confunda vergonha com timidez. Estas duas palavras não são sinônimos



Quantos de nós, conhecemos pessoas que, ao olharmos superficialmente suas vidas, aparentemente, tudo esta às mil maravilhas? Uma vida de causar inveja. Pensamos: “Aquela pessoa não tem problemas”.

Agora eu pergunto: o que você esconde na sua vida para que as pessoas não saibam exatamente como ela é? Quais são as suas vergonhas?

Não estou falando aqui em tom de crítica, julgamento.
Quanto custa esconder algo? Você já teve algum problema ou algo que nem era tão relevante e que tomou uma proporção maior porque você não quis pedir ajuda ou compartilhar com alguém por medo, vergonha do que esta pessoa poderia pensar de você?

Em meu estudos, encontrei recentemente um livro fantástico, da Brené Brown, A coragem de ser imperfeito.

Descobri este livro num momento da minha vida, onde estou cansada das pessoas me enxergarem como “a perfeita”, eu não sou perfeita. Eu busco aprender sempre, busco ser o melhor comigo e para com os outros, mas não sou, nem nunca fui perfeita.

A autora fala que usamos a perfeição como uma arma para não mostrarmos nossa vulnerabilidade. E fala também que ser vulnerável não significa ser fraco. Ser vulnerável, significa deixar que as pessoas vejam quem você realmente é. Que conheçam suas verdades.

Ao longo de nossas vidas, vamos construindo rótulos, nós nos rotulamos, recebemos e colocamos rótulos nas pessoas, e lutamos veementemente para validarmos estes rótulos.

Eu, desde criança, sempre fui a menina obediente, a filha que nunca deu trabalho na escola. A adolescente, que engravidou aos quinze anos, do seu primeiro namoradinho, e que assumiu a bronca, matou no peito e se tornou o arrimo de família. Daí em diante, a mulher maravilha apareceu, e ela não podia desapontar ninguém. Quantas vergonhas foram escondidas por esta mulher, para que ninguém percebesse suas fragilidades? Eu respondo: muitas.

São poucas as pessoas que me conhecem de verdade, que conhecem os meus sentimentos, os meus medos, as minhas angústias, as besteiras que já fiz, os perrengues que já passei.
À medida que nos conhecemos, entendemos os porquês de cada atitude que tomamos, os porquês de cada erro que cometemos. Então, começamos a nos olhar com maior compaixão, tendo a certeza de que nada do que fizemos, foi com a intenção de errar. Fizemos, certamente, o melhor que poderíamos naquele momento. Começamos a aliviar na nossa barra.

Desde que comecei a trabalhar com Coaching, além da metodologia do processo, a empatia tem sido a minha grande aliada com meus clientes. Quando consigo me colocar no lugar deles, e em algumas situações, até mesmo compartilhar experiências parecidas, vejo o quanto se desarmam.
O processo de mudança começa aí. Quando temos a coragem de admitir nossas vergonhas, falar sobre elas, aliviar o seu peso, nos perdoar. Olhar de fora. O que pode ser feito sobre? Quais as possibilidades?

Falo por experiência própria. Há alguns anos, decidi resgatar minha essência. Claro que gerei alguns desagrados neste processo. Quando você é perfeita, não falha, as pessoas gostam mais de você. Aquela pessoa que tem sempre resposta para tudo, uma fórmula mágica, e que diz: “deixa comigo”. Ah, esta pessoa é amada por todos.

A questão é, NÓS NÃO DAMOS CONTA DE TUDO SOZINHOS, e se damos, NÓS NÃO PRECISAMOS DAR CONTA DE TUDO SOZINHOS, NÓS NÃO PRECISAMOS TER RESPOSTA PARA TUDO, NÓS PODEMOS ERRAR.
Nosso processo de crescimento se dá principalmente por nossas falhas, quando erramos, temos a oportunidade de aprender, de consultar alguém que já passou pelo caminho e pode nos orientar.

Expor nossas vergonhas é agir com humildade. Não é garantido que teremos sempre o apoio que esperamos, mas certamente, nos sentiremos mais leves. E quando as coisas ficam leves, nossa energia muda, criamos novo ânimo.

Quando passei a expor minhas vulnerabilidades, confesso que algumas ainda são difíceis para mim, mas estou me esforçando, minha vida melhorou bastante. Encontrei apoio onde até imaginava, e agora tenho certeza que não estou sozinha. Encontrei resistência, onde esperava um pouco mais de compreensão. E isto também foi bom, hoje sei que não posso esperar nada.

Tudo fica às claras, você passa a viver sem receios. Afinal, não devemos satisfações de nossas vidas a ninguém, e tenham certeza de que todo julgamento é uma confissão. As pessoas normalmente julgam aquilo que mais os incomoda em si.

Não deixe de viver seus sonhos com medo das opiniões alheias. Por mais insignificantes ou exorbitantes que possam parecer os seus sonhos, eles são seus desejos. O único responsável em torná-los realidade é você. Então, deixe a vergonha de lado e vá viver.


Renata Cunha

Personal e Professional Coach, membro da Sociedade Brasileira de Coaching

Renata Cunha, 39 anos, é membro da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCOACHING) desde 2016. É formada em administração de empresas pela Universidade de Taubaté – UNITAU – com pós-graduação em gestão de logística empresarial pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. 15 anos de experiência em gestão de pessoas. Possui uma carreira sólida na área financeira em multinacionais. O coaching entrou em sua vida quando, informalmente, conheceu o idealizador do Instituto Life Coaching e grande amigo Mario Meireles, que em pouco tempo, a mostrou o caminho para aquilo que viria a ser sua missão de vida. Ele a dizia: “você é coach, só não sabe disso ainda”. Sua missão: despertar nas pessoas o que de melhor possuem dentro de si, e ajudá-las a desabrochar, encontrando seus verdadeiros propósitos. Acredita que a vida é curta demais para ser pequena e que somos grandes demais para não doarmos o nosso melhor ao mundo.




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