Como Tomar Decisões Difíceis

As armadilhas da intuição para o líder



Diante do atual cenário econômico globalizado e da nova era da tecnologia, as organizações são exigidas a obterem maior velocidade na gestão e nas respostas ao mercado, para se manterem competitivas. Neste sentido, os líderes precisam tomar decisões estratégicas ainda mais rápidas, porém, este processo pode resultar em grandes impactos para as empresas, sejam eles positivos ou negativos.

As pessoas tomam decisões todos os dias, algumas pequenas e frequentes, como, qual roupa vestir ou aonde almoçar, e outras delas são mais importantes e complexas, como por exemplo, aonde investir o seu dinheiro. Para os líderes e gestores isto tonar-se ainda mais intenso, tendo em vista que precisam solucionar problemas, analisar ideias e suas decisões podem impactar no futuro da empresa e na carreira dos colaboradores.

O processo de tomada de decisão tornou-se assim, tema de pesquisas científicas nos últimos anos, tanto pela psicologia, quanto pela neurociência, sendo aplicas na maior parte nas áreas de economia, mercado financeiro e no mundo corporativo. Existem diversos fatores que podem influenciar o processo decisório, entretanto, os principais estão relacionados ao cérebro e ao pensamento intuitivo. O presente artigo tem como objetivo trazer o entendimento científico do processo de tomada de decisão, aplicado aos líderes.

O QUE É A INTUIÇÃO?

A intuição nada mais é do que um pensamento associativo, instantâneo e inconsciente. Através do reconhecimento de padrões e a associação de memórias, o cérebro toma decisões de forma automática, tanto para aumentar a velocidade de reação à estímulos, quanto para economizar energia de pensamento. Um exemplo disso são as atividades rotineiras, como: escrever, ler, dirigir ou resolver cálculos simples, como dois mais dois. Em algum momento da vida, estas já foram consideradas atividades complexas, contudo, devido a prática, são realizadas de forma inconsciente e automatizada, ou seja, de forma intuitiva, consumindo muito menos energia. Assim, o cérebro toma pequenas decisões instantâneas, baseadas em estímulos externos e emocionais.

AS ARMADILHAS DA INTUIÇÃO PARA OS LÍDERES

Segundo estudos, na maior parte das vezes os líderes tomam decisões utilizando um processo chamado pela neurociência de reconhecimento de padrões e marcações emocionais. Isto acontece através da identificação de memórias semelhantes e das respectivas emoções anexadas, então a tomada de decisão ocorre de forma inconsciente. Na maioria das vezes isto funciona bem, e por esta razão quanto mais experiente for o líder, melhor seu cérebro irá reconhecer estes padrões e com isso, mais rápido e fácil irá tomar a melhor decisão. No entanto, em alguns casos, podem ocorrer desvios causadas por preconceitos, interesses pessoais e memórias distorcidas por impactos emocionais. Por se tratar de um processo inconsciente, os líderes podem justificar as distorções através de ideias e linhas de raciocínio, tornando-se armadilhas causadas pelos seus próprios cérebros, e sem as perceberem. Diante disso, por mais experiente e competente que um líder possa ser, ele está sujeito a tomar decisões extremamente ruins e precipitadas.

COMO UM LÍDER DEVE TOMAR DECISÕES

O segredo para as tomadas de decisões estratégicas está no envolvimento das pessoas, afinal, literalmente várias cabeças pensam melhor do que uma. Conforme já abordado, é inevitável que um líder caia em armadilhas causadas pelo seu próprio cérebro e com certeza é também inevitável que as outras pessoas caiam em semelhantes armadilhas. Contudo, as memórias distorcidas, os preconceitos, as experiências e emoções, são diferentes, logo, não estão sujeitos aos mesmos enganos entre si. Portanto, o líder deve ser capaz de desvincular-se de seus próprios vieses e crenças, para que possa compreender outras percepções de uma mesma situação.

A seguir uma metodologia eficaz abordada no Harvard Business Review, para o processo de tomada de decisão estratégica. A mesma, consiste em um método de seis passos para identificar as armadilhas da intuição.

1. Analise várias opções, opiniões e perspectivas;
2. Faça uma lista das pessoas mais influentes em relação a decisão a ser tomada;
3. Analise a primeira pessoa da lista e mapeie seus possíveis preconceitos, interesses pessoais e emoções atrelados a decisão;
4. Repita o processo para os demais integrantes;
5. Reveja a lista de armadilhas (preconceitos, interesses, emoções…) que foram identificadas;
6. Identifique os padrões de armadilhas e tome uma decisão levando-os em consideração.

Diante do que foi abordado o seguinte questionamento vem à tona: um líder experiente deve confiar em sua intuição? A resposta é que na maioria dos casos sim, estatisticamente o pensamento intuitivo auxilia de forma eficiente aos líderes com grande experiência, porém, recomenda-se que, para decisões estratégicas, seja utilizado a metodologia abordada no presente artigo. Para isso, o líder precisa estar aberto a opiniões diferentes, estimular a criatividade nas pessoas e deve questionar suas próprias convicções a todo momento.

Deixo como indicação de leitura o livro: Rápido e Devagar, do psicólogo Daniel Kahneman. E o artigo: Why Good Leaders Make Bad Decisions, dos autores Andrew Campbell, Jo Whitehead e Sydney Finkelstein.


Gabriel Lopes

Profissional de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas

Atua na área de gestão de pessoas com: capacitações,  treinamentos e desenvolvimento de lideranças. Além disso, cursa especialização Black Belt em Lean Six Sigma, para otimização de processos.

Sua carreira profissional iniciou em uma multinacional italiana, onde teve a oportunidade de liderar uma equipe, implementar projetos e comandar o planejamento industrial da empresa. Neste período, através de um mentor dentro da Organização, despertou o interesse por liderança e gestão de pessoas. Seu objetivo profissional é auxiliar executivos, gestores e jovens profissionais, a se desenvolverem como líderes.




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