As mães e o mercado de trabalho

Muitas vezes esperam que as mães trabalhem como se não tivessem filhos. E que criem os filhos como se não trabalhassem.



Acompanho bastante todo o movimento feminino, tenho grande orgulho em ser mulher, mãe, ter meu trabalho e ser independente. Lendo um post no Instagram a chamada: “E se o mercado de trabalho fosse mais acolhedor para as mães?” — Achei muito legal e pertinente, fazermos uma homenagem neste mês das mães, uma reflexão sobre nossas vidas e sobre este momento em especial.

Me tornei mãe muito jovem, antes mesmo de ingressar ao mercado de trabalho. Nem sei dizer como é trabalhar sem ser mãe.
Obviamente, cada um tem uma realidade e acaba se virando como pode. Não é nada fácil conciliar todos os nossos papéis da forma como gostaríamos que fosse.

O importante é entender e aceitar que nunca estaremos 100% satisfeitos em todas as áreas de nossas vidas ao mesmo tempo. Precisamos saber identificar qual é a prioridade em determinado momento.

O mercado de trabalho é diferente em cada setor, assim como as fases de nossas vidas, e nossa escolhas. Há empresas que têm o funcionário apenas como um número, outras são mais humanizadas. Há mães que são empresárias, mães empreendedoras, mães domésticas. Há mães que deixam seus filhos em creches ou aos cuidados de terceiros para cuidar dos filhos de outras mães. Enfim, tanto o mercado quanto cada uma de nós, temos particularidades. E o fato é que, todos precisamos fazer a roda girar.

Para aliviar, trago uma verdade: nunca seremos perfeitas.

Se trabalhamos muito e deixamos nossos filhos aos cuidados de outras pessoas, somos frias, descuidadas, ambiciosas. Se optamos por abrir mão da carreira para dedicar atenção em tempo integral aos filhos, somos dondocas, folgadas …

Não tem certo e errado. Tudo depende de nossas escolhas. Só não podemos nos colocar na posição de vítimas, NUNCA.

Novamente vou dizer, temos necessidades diferentes, vidas diferentes. Cada um no seu quadrado, mas não podemos negar que somos frutos de nossas escolhas, e precisamos agir com responsabilidade, SEMPRE.

Quando iniciei minha vida profissional, tinha o meu primeiro filho ainda pequeno. Eu fazia faculdade e trabalhava. Saía de casa pela manhã, com ele dormindo, retornava à noite, após a aula, com ele dormindo novamente, e assim passava a semana. Neste momento da minha vida, a prioridade era, me formar, trabalhar para ter condições de sustentar a minha família. Perdi muitas festinhas, reuniões escolares. Minha mãe fazia o meu papel.

O tempo passou, tive meu segundo filho, mudei um pouco de ramo de atividade. Meu filho tinha 5 meses, quando entrei nesta outra empresa, nosso primeiro dia das mães passei longe dele, viajando a trabalho, mas, com o tempo, nesta fase da minha vida, passei a ter um pouco mais de flexibilidade no meu dia a dia, como minha situação era mais estável, conseguia no horário do almoço dar uma passadinha no berçário onde ele ficava, para estar alguns minutinhos com ele. Conseguia levar e buscar os dois na escola. Participar mais da vida escolar. À noite, estava em casa.

Claro que a minha presença, ou a falta dela, fez muita diferença na criação de cada um deles.

Queremos estar sempre presentes.

Agora vamos falar do que estamos passando neste momento com a pandemia. O que dizer deste momento que estamos vivendo? Muitas amigas mães sempre disseram que seria um sonho poder trabalhar em casa e participar mais da vida dos filhos.

Pedimos tanto, que o Universo atendeu ao nosso pedido. Pois bem! Estamos em casa e nossos filhos também. O trabalho já não tem mais hora para acabar. É mãe para todos os lados o tempo todo. A louça parece “Gremlins”, estamos enlouquecidas, sem saber como dar conta.
Filhos estudando em casa. A escola, os professores nunca tiveram tanto valor.

O fato é que, por mais planejada que seja a nossa vida, por mais que possamos tentar estar um passo à frente, nunca estaremos preparadas para tudo, assim como nosso trabalho não será perfeito, nosso chefe não será sempre compreensivo, nem sempre faremos a melhor escolha.

E muitas vezes faremos escolhas tão erradas, que passaremos a ficar sem poder de escolha por um tempo.

Resolvi escrever este texto, pois sei que algumas escolhas da minha vida geram situações desafiadoras, difíceis, mas eu passei a me tratar com mais carinho. Quando olhei para cada fase da minha vida, enxerguei que fiz o meu melhor, o melhor que poderia fazer naquele momento.

Não se culpe, e também não culpe o seu trabalho. Precisamos do nosso trabalho e nosso trabalho precisa de nós.

E ainda sobre as escolhas, podemos escolher, se não estamos satisfeitos, e se achamos que não temos escolha, pode ser que precisemos segurar um pouco a onda, mas façamos uma reflexão de nossas vidas. Precisamos entender porque e como nos colocamos numa situação tão delicada. E a partir daí, devemos buscar melhorar. Sempre há o que fazer, SEMPRE.

A vida é assim, devemos refletir sobre nossas vitórias, superações, fracassos, decepções. Nós passamos por tantas coisas, o tempo todo, mas estamos aqui e temos uma vida pela frente.

Se não está legal, façamos escolhas melhores. Se estamos felizes, sigamos o nosso caminho.

Em alguns momentos “nadamos de braçada”, em outros precisamos recuar ou dar pequenos passos.

“Não tenha medo do caminho. Tenha medo de não caminhar”


Renata Cunha

Personal e Professional Coach, membro da Sociedade Brasileira de Coaching

Renata Cunha, 39 anos, é membro da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCOACHING) desde 2016. É formada em administração de empresas pela Universidade de Taubaté – UNITAU – com pós-graduação em gestão de logística empresarial pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. 15 anos de experiência em gestão de pessoas. Possui uma carreira sólida na área financeira em multinacionais. O coaching entrou em sua vida quando, informalmente, conheceu o idealizador do Instituto Life Coaching e grande amigo Mario Meireles, que em pouco tempo, a mostrou o caminho para aquilo que viria a ser sua missão de vida. Ele a dizia: “você é coach, só não sabe disso ainda”. Sua missão: despertar nas pessoas o que de melhor possuem dentro de si, e ajudá-las a desabrochar, encontrando seus verdadeiros propósitos. Acredita que a vida é curta demais para ser pequena e que somos grandes demais para não doarmos o nosso melhor ao mundo.




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